segunda-feira, 14 de maio de 2007

Discurso de Bento XVI após a oração do Santo Rosário

Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e Presbiterado,
Amados religiosos e todos vós que, impelidos pela voz de Jesus Cristo, O seguistes por amor!
Estimados seminaristas, que vos estais preparando para o ministério sacerdotal!
Queridos representantes dos Movimentos eclesiais, e todos vós leigos que levais a força do Evangelho ao mundo
do trabalho e da cultura, no seio das famílias,
bem como às vossas paróquias!

1. Como os Apóstolos, juntamente com Maria, «subiram para a sala de cima» e ali «unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração» (At 1,13-14), assim também hoje nos reunimos aqui no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que é para nós nesta hora «a sala de cima», onde Maria, Mãe do Senhor, se encontra no meio de nós. Hoje é Ela que orienta a nossa meditação; Ela nos ensina a rezar. É Ela que nos mostra o modo como abrir nossas mentes e os nossos corações ao poder do Espírito Santo, que vem para ser transmitido ao mundo inteiro.

Acabamos de recitar o Rosário. Através dos seus ciclos meditativos, o Divino Consolador quer nos introduzir no conhecimento de um Cristo que brota da fonte límpida do texto evangélico. Por sua vez, a Igreja do terceiro milênio se propõe dar aos cristãos a capacidade de «conhecerem - com palavras de São Paulo - o mistério de Deus, isto é Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência» (Col 2,2- 3). Maria Santíssima, a Virgem Pura e sem Mancha é para nós escola de fé destinada a conduzir-nos e a fortalecer-nos no caminho que leva ao encontro com o Criador do Céu e da Terra. O Papa veio a Aparecida com viva alegria para vos dizer primeiramente: "Permanecei na escola de Maria". Inspirai-vos nos seus ensinamentos, procurai acolher e guardar dentro do coração as luzes que Ela, por mandato divino, vos envia lá do alto.

Como é bom estarmos aqui reunidos em nome de Cristo, na fé, na fraternidade, na alegria, na paz, «na oração com Maria, a Mãe de Jesus» (At 1,14). Como é bom, queridos Presbíteros, Diáconos, Consagrados e Consagradas, Seminaristas e Famílias Cristãs, estarmos aqui no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que é Morada de Deus, Casa de Maria e Casa de Irmãos e que nesses dias se transforma também em Sede da V Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha. Como é bom estarmos aqui nesta Basílica Mariana para onde, neste tempo, convergem os olhares e as esperanças do mundo cristão, de modo especial da América Latina e do Caribe!

2. Sinto-me muito feliz em estar aqui convosco, em vosso meio! O Papa vos ama! O Papa vos saúda afetuosamente! Reza por vós! E suplica ao Senhor as mais preciosas bênçãos para os Movimentos, Associações e as novas realidades eclesiais, expressão viva da perene juventude da Igreja! Que sejais muito abençoados! Aqui vai minha saudação muito afetuosa a vós Famílias aqui congregadas e que representais todas as caríssimas Famílias Cristãs presentes no mundo inteiro. Alegro-me de modo especialíssimo convosco e vos envio o meu abraço de paz.

Agradeço a acolhida e a hospitalidade do Povo brasileiro. Desde que aqui cheguei fui recebido com muito carinho! As várias manifestações de apreço e saudações demonstram o quanto vós quereis bem, estimais e respeitais o Sucessor do Apóstolo Pedro. Meu predecessor, o Servo de Deus Papa João Paulo II referiu-se várias vezes à vossa simpatia e espírito de acolhida fraterna. Ele tinha toda razão!

3. Saúdo aos estimados padres, aqui presentes, penso e oro por todos os sacerdotes espalhados pelo mundo inteiro, de modo particular pelos da América Latina e do Caribe, neles incluindo os que são fidei donum. Quantos desafios, quantas situações difíceis enfrentais, quanta generosidade, quanta doação, sacrifícios e renúncias! A fidelidade no exercício do ministério e na vida de oração, a busca da santidade, a entrega total a Deus a serviço dos irmãos e irmãs, gastando vossas vidas e energias, promovendo a justiça, a fraternidade, a solidariedade, a partilha, - tudo isso fala fortemente ao meu coração de Pastor. O testemunho de um sacerdócio bem vivido dignifica a Igreja, suscita admiração nos fiéis, é fonte de bênçãos para a Comunidade, é a melhor promoção vocacional, é o mais autêntico convite para que outros jovens também respondam positivamente aos apelos do Senhor. É a verdadeira colaboração para a construção do Reino de Deus!

Agradeço-vos sinceramente e vos exorto a que continueis a viver de modo digno a vocação que recebestes. Que o ardor missionário, que a vibração por uma evangelização sempre mais atualizada, que o espírito apostólico autêntico e o zelo pelas almas estejam presentes em vossas vidas! O meu afeto, orações e agradecimentos vai também aos sacerdotes idosos e enfermos. A vossa conformação ao Cristo Sofredor e Ressuscitado é o mais fecundo apostolado! Muito obrigado!

4. Queridos Diáconos e Seminaristas, a vós também que ocupais um lugar especial no coração do Papa, uma saudação muito fraterna e cordial. A jovialidade, o entusiasmo, o idealismo, o ânimo em enfrentar com audácia os novos desafios, renovam a disponibilidade do Povo de Deus, tornam os fiéis mais dinâmicos e fazem a Comunidade Cristã crescer, progredir, ser mais confiante, feliz e otimista. Agradeço o testemunho que ofereceis, colaborando com os vossos Bispos nos trabalhos pastorais das dioceses. Tenhais sempre diante dos olhos a figura de Jesus, o Bom Pastor, que "veio não para ser servido, mas para servir e dar sua vida para resgatar a multidão" (Mt 20,28). Sede como os primeiros diáconos da Igreja: homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo, de sabedoria e de fé (cf. At 6, 3-5). E vós, Seminaristas dai graças a Deus pela chamada que Ele vos faz. Lembrai-vos que o Seminário é o "berço da vossa vocação e palco da primeira experiência de comunhão" (Diretório para o Ministério e vida dos Presbíteros, 32). Rezo para que sejais, se Deus quiser, sacerdotes santos, fiéis e felizes em servir a Igreja!

5. Detenho meu olhar e atenção agora sobre vós, estimados Consagrados e Consagradas, aqui reunidos no Santuário da Mãe, Rainha e Padroeira do Povo Brasileiro, e também espalhados por todas as partes do mundo.

Vós, religiosos e religiosas, sois uma dádiva, um presente, um dom divino que a Igreja recebeu do seu Senhor. Agradeço a Deus a vossa vida e o testemunho que dais ao mundo de um amor fiel a Deus e aos irmãos. Esse amor sem reservas, total, definitivo, incondicional e apaixonado se expressa no silêncio, na contemplação, na oração e nas atividades mais diversas que realizais, em vossas famílias religiosas, em favor da humanidade e principalmente dos mais pobres e abandonados. Isso tudo suscita no coração dos jovens o desejo de seguir mais de perto e radicalmente o Cristo Senhor e oferecer a vida para testemunhar aos homens e mulheres do nosso tempo que Deus é Amor e que vale à pena deixar-se cativar e fascinar para dedicar-se exclusivamente a Ele (cf. Exort. ap. Vita Consecrata, 15).

A vida religiosa no Brasil sempre foi marcante e teve um papel de destaque na obra da evangelização, desde os primórdios da colonização. Ontem ainda, tive a grande satisfação de presidir a Celebração Eucarística na qual foi canonizado Santo Antonio de Sant'Anna Galvão, presbítero e religioso franciscano, primeiro santo nascido no Brasil. Ao seu lado, um outro testemunho admirável de consagrada é Santa Paulina, fundadora das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Teria muitos outros exemplos para citar. Que todos eles vos sirvam de estímulo para viverdes uma consagração total. Deus vos abençoe!

[Em Português:]

6. Hoje, véspera da abertura da V Conferência geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, que terei o prazer de presidir, sinto o desejo de dizer a todos vós quão importante é o sentido de nossa pertença à Igreja, que faz os cristãos crescerem e amadurecerem como irmãos, filhos de um mesmo Deus e Pai. Queridos homem e mulheres da América Latina sei que tendes uma grande sede de Deus. Sei que seguis Àquele Jesus, que disse «Ninguém vai ao Pai senão por mim» (Jo 14,6). Por isso o Para quer dizer a todos A Igreja é nossa Casa! Esta é nossa Casa! Na Igreja Católica temos tudo o que é bom, tudo o que é motivo de segurança e de consolo! Quem aceita a Cristo: «Caminho, Verdade e Vida», em sua totalidade, tem garantida a paz e a felicidade, nesta e na outra vida! Por isso, o Papa veio aqui para rezar e confessar com todos vós: vale a pena ser fiéis, vale a pena perseverar na própria fé! Mas a coerência na fé necessita também uma sólida formação doutrinal e espiritual, contribuindo assim à construção de uma sociedade mais justa, mais humana e cristã. O Catecismo da Igreja Católica, inclusive em sua versão mais reduzida, publicada com o título de Compêndio, ajudará a ter noções claras sobre nossa fé. Vamos pedir, desde agora, que a vinda do Espírito Santo seja para todos como um novo Pentecostes, a fim de iluminar com a luz do Alto nossos corações e nossa fé.

7. É com grande esperança que me dirijo a todos vós, que se encontram dentro desta majestosa Basílica, ou que participaram do lado de fora, do Santo Rosário, para convidá-los a se tornarem profundamente missionários e para levar a Boa Nova do Evangelho por todos os pontos cardeais da América Latina e do mundo.

Vamos pedir à Mãe de Deus, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, que zele pela vida de todos os cristãos. Ela, que é a Estrela da Evangelização, guie nossos passos no caminho do Reino celestial:

«Mãe nossa, protegei a família brasileira e latino-americana!
Amparai, sob o vosso manto protetor, os filhos dessa Pátria querida que nos acolhe,
Vós que sois a Advogada junto ao vosso Filho Jesus, dai ao Povo brasileiro paz constante e prosperidade completa,
Concedei aos nossos irmãos de toda a geografia latino-americana um verdadeiro ardor missionário
irradiador de fé e de esperança,
Fazei que o vosso clamor de Fátima pela conversão dos pecadores, seja realidade, e transforme a vida
da nossa sociedade,
E vós que, do Santuário de Guadalupe, intercedeis pelo povo do Continente da esperança, abençoai as
suas terras e os seus lares,
Amém».

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